APOSTILA 3º ANO/ENSINO MÉDIO
APOSTILA DE SOCIOLOGIA PARA O 3º ANO/ENSINO MÉDIO
1.1. POLÍTICA: ORIGEM E SIGNIFICADOS
A palavra política tem origem nos tempos em que os
gregos estavam organizados em Cidades-Estado chamadas “pólis”, nome do qual se
derivaram palavras como “politiké” (política em geral) e “politikós” (dos
cidadãos, pertencente aos cidadãos), que estenderam-se ao latim “politicus” e
chegaram as línguas européias modernas através do francês “politique” que, em
1265 já era definida nesse idioma como “ciência do governo do
Estado”.
O termo política é derivado do grego antigo πoλτєіa
(politéia), que indicava todos os procedimentos relativos à pólis ou
Cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto Cidade-Estado quanto
sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida
urbana.
O termo política, que se expandiu graças à
influência de Aristóteles, para este filósofo, política significava funções e
divisão do Estado e as várias formas de governo, com a significação mais comum
de arte ou ciência do Governo; desde a origem ocorreu uma transposição de
significado das qualificadas como político, para a forma de saber mais ou menos
organizado sobre esse mesmo conjunto de coisas.
Na época moderna, o termo política perdeu seu
significado original, substituído pouco a pouco por outras expressões como
ciência do Estado, doutrina do Estado, ciência política, filosofia política,
passando a ser comumente usado para indicar a atividade ou conjunto de atividades
que, de alguma maneira, têm como termo de referência a pólis, ou seja, o
Estado.
1.2. CIÊNCIA POLÍTICA: ESTUDO DO PODER E DO ESTADO
O termo “Ciência Política” foi cunhado em 1880 por
Herbert Baxter Adams, professor de história da Universidade Johns Hopkins. A
Ciência Política é o estudo da política – dos sistemas políticos, das
organizações políticas e dos processos políticos. Envolve o estudo da estrutura
(e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo – ou qualquer sistema
equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e
direitos civis.
Política é ciência, porque estuda o comportamento
humano e assim se torna possível estabelecer cientificamente algumas regras
sobre a vida humana em sociedade e sobre como os seres humanos deveriam reagir
em cada situação.
Os cientistas políticos estudam as instituições
governamentais ou não governamentais (ONGs) como corporações (ou empresas),
uniões (ou sindicatos, associações), igrejas, ou outras organizações cujas
estruturas e processos de ação se aproximem de um governo, como partidos
políticos em complexidade e interconexão.
Em uma concepção ampla, política é o estudo do poder, por que a tomada de
decisões de interesses da coletividade (comum) é sempre um ato de poder. Nesta
concepção consideram-se as relações de dominação seja através da política, da
economia ou da ideologia, como relações de dominação de uma pessoa sobre a
outra.
Na concepção restrita, política é ciência do Estado, por que atualmente
a capacidade de tomar decisões, de interesse de toda a sociedade está nas mãos
do Estado ou depende dele.
1.3. OS TIPOS DE PODER
O elemento especifico do poder político pode ser
obtido das várias formas de poder, buscadas nos meios de que se serve o sujeito
ativo da relação para determinar o comportamento do sujeito passivo. Assim,
podemos distinguir três grandes classes de um conceito amplíssimo de poder:
Poder
Econômico – é o que se vale da posse de certos bens,
necessários ou considerados como tais, numa situação de necessidade, para controlar
aqueles que não os possuem. Quem possui abundância de bens é capaz de
determinar o comportamento de quem não os tem pela promessa e concessão de
vantagens.
Poder
Ideológico – este se refere na influencia que as idéias
da pessoa investida de autoridade exercem sobre a conduta dos demais: deste
tipo de conhecimento nasce a importância social daqueles que sabem, quer os
sacerdotes das sociedade arcaicas, quer os intelectuais ou cientistas das
sociedade evoluídas. É por estes, pelos valores que difundem ou pelos
conhecimentos que comunicam que ocorre a socialização necessária à coesão e
integração do grupo.
Poder Político – este se baseia na posse dos instrumentos
(institucionais) com os quais se exerce a autoridade legal do uso da força. A
possibilidade de recorrer à força distingue o poder político das outras formas
de poder. A característica mais notável é que o poder político detém a
exclusividade do uso da força em relação à totalidade dos grupos sob sua
influência.
1ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Explique o significado da palavra política.
b) – De onde deriva o termo política?
c) – O que é política para Aristóteles?
d) – O que aconteceu com o termo política na época
moderna?
e) – O que é ciência política?
f) – Por que política é ciência?
g) – O que os cientistas políticas estudam?
h) – Diferencie a concepção ampla de política da
concepção estrita.
i) – Explique os três tipos de poderes: econômico,
ideológico e político.
___________________________________________________________________________
1.4. O ESTADO
O termo Estado parece ter origem nas antigas
Cidades-Estados que se desenvolveram na antiguidade, e em várias regiões do
mundo; atualmente podemos conceituar Estado como o conjunto das instituições
que formam a organização político-administrativa de uma sociedade, com um
governo próprio e uma população em um território determinado, o Estado é
formado pelo governo, força policial, forças armadas, escola públicas, prisões,
tribunais, hospitais públicos, bem como todos aqueles que fazem parte dessas
instituições que são chamados de funcionários públicos – desde um gari ao
presidente da República – exercem atividades estatais, pois servidores do
Estado, ou melhor, servidores da sociedade.
1.5. ESTADO, NAÇÃO E GOVERNO
Uma nação é um conjunto de pessoas que se
identificam pela língua, pelos costumes, pelas tradições e por uma história em
comum, como os ciganos, os armênios etc; um povo nem sempre vivem em território
fixo. Povo é anterior ao Estado, podendo existir sem ele; por outro lado, um
Estado pode compreender várias nações. Há nações sem Estado, como acontecia com
os judeus antes da criação do Estado de Israel, e ainda acontece com os
ciganos. E há Estado que tem várias nações, como o Reino Unido (formado pela
Escócia, Irlanda, Pais de Gales e Inglaterra). Teoricamente não existe nação
dentro de nação, podem existir povos diferentes dentro de um mesmo
Estado-Nação.
O governo é cúpula, a parte dominante do Estado.
Por isso, muitas vezes confundimos Estado com governo, pois se trata de termos
relacionados. A diferença é que o governo – mesmo sendo decisivo, o que comanda
– é somente uma parte do Estado, este é mais amplo e, como vimos, engloba
outros setores, além de compreender todos os níveis de governo – Federal,
Estadual e Municipal – e todas as atividades a eles ligadas.
O Estado é, portanto, a nação com um governo.
Porém, Estado é diferente de governo. O Estado é uma instituição permanente, e
governo um elemento transitório do Estado. Assim dizemos: “muda o
governo e o Estado continua”. Como o Estado é uma entidade abstrata, que
não tem “querer” nem “agir” próprio, o governo (grupo de pessoas) age em seu
nome.
1.6. FUNÇÃO DO ESTADO
Todo e qualquer Estado possui obrigações para com
os cidadãos, no que lhe dá o sentido e a importância de existir, assim as
principais funções de um Estado moderno são:
Garantir
a soberania, ou seja, o direto que cada Estado tem de manter
seu próprio governo, elaborar suas próprias leis e de administrar os negócios
públicos sem a interferência de outros Estados, manter a ordem interna e a
segurança externa (defender o território das ameaças externas), integridade
territorial e poder de decisão. Embora o poder e a autoridade possam ser
encontrados nas funções e relações sociais, em diferentes campos da vida
social, centralizam no Estado. Dado o seu legitimo monopólio da força, o
governo, evidentemente, detém o poder supremo na sociedade. O reconhecimento da
independência de um Estado em relação aos outros, permitindo ao primeiro firmar
acordos internacionais, é uma condição fundamental para o estabelecimento da
soberania.
Manter
a ordem, o Estado se diferencia das demais instituições
por ser o único que se encontra investido de poder coercitivo, proibindo uma
série de atos ou obrigando os cidadãos a agir de uma ou de outra maneira
adequando-se às leis, ou serão usados o poder coercitivo do uso da força
física. A coerção tem como objetivo propiciar um ambiente de ordem, preservando
os direitos individuais e coletivos. As leis estabelecem, portanto, o que deve
ou não ser feito, o que pode ser feito, e prescrevem as punições por sua
violação. O Estado é, pois, a instituição autorizada a decretar, impor,
administrar e interpretar as leis na sociedade moderna. É por tudo isso que o
estado exerce um grande controle sobre a vida das pessoas.
Promover
o bem estar social, isto é, propiciar à população de um Estado além
da ordem interna e externa, a paz, o respeito às leis, provendo a justiça,
dispor de meios suficientes para atender as necessidades humanas em seus diferentes
aspectos: físico, moral, espiritual, psicológico e cultural; organizando
serviços básicos à população: educação, saúde, aposentadoria, segurança,
justiça e etc. manter a ordem social através de leis existentes ou redigindo
novas, que reajustem a própria ordem, quando as condições de mudanças exigirem.
___________________________________________________________________________
2ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Qual a origem do termo Estado?
b) – Conceitue Estado.
c) – O que forma um Estado?
d) – O que é um funcionário público?
e) – Diferencie governo de Estado.
f) – Cite as três principais funções do Estado.
g) – Explique a função do Estado: Garantir a
soberania.
h) – Explique a função do Estado: Manter a ordem.
i) – Explique a função do Estado: Promover o bem
estar social.
___________________________________________________________________________
1.7. ESTADO E DEMOCRACIA
Os Estados foram ficando, com o tempo, muito
complexos, os territórios extensos e as populações numerosas; tornou-se
inevitável a proposta de os próprios cidadãos exercerem diretamente o poder
político dentro da sociedade. Neste contexto surge a possibilidade do cidadão
assumir a função de dirigente político, assim cria-se a democracia como forma
justa de governo possível a uma sociedade.
1.7.1. Democracia: Origem, significado e conceito.
A palavra democracia é formada etimologicamente por
dois termos gregos, demos e kratia. O termo demos, no sentido mais primitivo, designava os diversos distritos
que constituíam as dez tribos em que a cidade de Atenas fora dividida por
ocasião das reformas de Clístenes (século VI a.C.). Procedimento que pôs fim a
tiranias. Com o tempo, demos passou a significar genericamente “povo” ou
“comunidade de cidadãos”. O termo kratia deriva
de kratos, que significa “governo”, “poder”, “autoridade”. Hoje em dia
entendemos democracia como “governo do povo”, “governo de todos os cidadãos”.
Democracia
é um regime de governo onde o poder de tomar importantes decisões políticas
está com os cidadãos (povo).
Numa
frase famosa, democracia é o "governo do povo, pelo povo e para o
povo".
1.7.2. Tipos de
democracia
Democracias
podem ser divididas em diferentes tipos, baseado em um número de distinções. A
distinção mais importante acontece entre:
Democracia direta (algumas
vezes chamada "democracia pura"), onde o povo expressa sua vontade
por voto direto em cada assunto particular, isto é, os cidadãos decidem
diretamente cada assunto por votação.
A
democracia direta se tornou cada vez mais difícil, e necessariamente se
aproxima mais da democracia representativa, quando o número de cidadãos cresce.
Democracia
representativa (algumas vezes chamada
"democracia indireta"), onde o povo expressa sua vontade através da
eleição de representantes que tomam decisões em nome daqueles que os elegeram,
isto é, os cidadãos elegem representantes em intervalos regulares, que então
votam os assuntos em seu favor.
Muitas
democracias representativas modernas incorporam alguns elementos da
democracia direta, normalmente referenda.
1.7.3. Democracia
através do voto
Também
chamado de sufrágio o voto é
um ato no qual as pessoas manifestão sua vontade, na democracia ele é usado
como instrumento de subsidio na organização de uma sociedade política
democrática de direito.
O voto
nem sempre foi um direito universal, no início ele era cencitário, isto é, exigia que seus
titulares atendessem certas exigências tais como pagamento de imposto direto,
proprietário de propriedade fundiária e usufruir certa renda.
Isso
significa que muitos grupos foram excluídos do direito de voto, em vários
níveis de exclusão étnica (caso
do apartheid na África
do Sul), exclusão de gênero (até 1893 o
sexo feminino não podia votar) e exclusão
de classes (até o século XIX somente pessoas com um certo grau de
riqueza podiam votar).
Faltavam
direitos políticos aos cidadãos, que foi conquistado aos poucos com
conscientização e organização de muitos movimentos e lutas sociais.
Em alguns
países, o voto não é um direito, e sim uma obrigação.
No Brasil, o voto é obrigatório para cidadãos entre 18 e 70
anos, e opcional para cidadãos de 16, 17 ou acima de 70 anos. Críticos dessa
lei argumentam que ela facilita a criação de currais eleitorais, onde eleitores
de baixo nível educacional e social são facilmente corrompidos por políticos de
maior poder financeiro, que usam técnicas de marketing (quando não dinheiro
vivo ou favores diretos) para cooptá-los.
Ainda de
acordo com os críticos, o voto obrigatório é uma distorção: o voto é um
direito, e a população não pode ser coagida a exercê-lo.
1.8. ESTADO E GLOBALIZAÇÃO
Os Estados nacionais são produtos históricos, e não
uma configuração “natural” de organização política, sua superação através de
outras formas de organização deve ser entendido como um processo histórico à
tão longo prazo, tão conflitivo e pouco retilíneo quanto sua formação.
Atualmente, o Estado-Nação, é uma unidade política
básica no mundo que vem “evoluindo” no sentido de um supranacionalismo, na
forma de organizações regionais, como é o caso da União Européia.
As políticas de cada nação bem como sua soberania
estão sendo afetada pelas transformações que vem ocorrendo no mundo, seja de
uma maneira intensa ou apática, o Estado-Nação e suas políticas seguem as
tendências dessas transformações de nível mundial.
A nova política global envolvendo processos de
tomada de decisões no interior das burocracias governamentais e internacionais;
processos políticos desencadeados por forças transnacionais; e, por fim, novas
formas de integração mundial entre Estados, criaram um quadro no qual os
direitos e obrigações, poderes e capacidades dos Estados foram redefinidos.
As capacidades estatais foram ao mesmo tempo
reduzidas e alargadas, permitindo ao Estado o cumprimento de uma série de
funções que já não podem ser mantidas senão em conexão com relações e processos
globais.
Neste sentido
os Estados nacionais se enfraquecem à medida que não podem mais controlar
dinâmicas que extrapolam seus limites territoriais. A interdependência mundial
de diversos processos acaba tornando os países vulneráveis a influências
políticas internacionais.
3ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Explique o significado da palavra democracia.
b) – O que é democracia?
c) – Diferencie democracia direta de democracia
representativa.
d) – O que é voto?
e) – Explique, por que no início o voto não era
universal?
f) – Como é o direito do voto no Brasil?
g) – O que acontece com o Estado na nova política
global?
h) – Por que os Estados nacionais se enfraquecem
com a globalização?
___________________________________________________________________________
1.9. POLÍTICA, ÉTICA E CIDADANIA
Todas as questões políticas se referem à sociedade,
Isto é, está relacionado diretamente com os princípios morais e com o respeito
aos interesses e necessidades dos cidadãos (povo), mas atualmente a prática não
corresponde à teoria, hoje o contexto político, no caso brasileiro, se
configura em duas características negativas:
1. Os
cidadãos têm uma ação limitada na esfera pública, caindo no individualismo e na
apatia, levando a perda da legitimidade do sistema política – a burocracia
estatal afastou o cidadão comum da discussão e da participação nas decisões da
vida social – os sucessivos governos não criam vínculos de conexão e sintonia
com o povo.
2. Os
políticos com raras e honrosas exceções fazem da coisa pública um negócio
privado, buscando o enriquecimento pessoal e trabalhando para favorecer os
interesses dos grupos econômicos. Fato que vem generalizando a descredibilidade
nos políticos, no sistema político estatal.
Esses dois fatores vêm gerando uma situação de
crise moral no sistema político, cuja solução se apresenta através da politização,
da ética e do exercício da cidadania plena, no qual destacaremos dois pontos
principais:
Precisa-se aplicar uma força corretiva
que ocorre através dos vários movimentos
sociais que movidos por imperativos éticos, atuam no sentido de criticar, fiscalizar e reverter as
prioridades dos governos. Assim a participação
política não deve se resumir apenas em ato de votar, mas também na
participação da sociedade civil organizada.
Mas antes de tudo, precisa-se de uma
mudança na mentalidade de cada individuo. A conscientização da população (politização), de que ela não é
só vitima do sistema político, mas também um dos responsáveis pela falência do
sistema. A conscientização permitirá ao povo uma verdadeira mudança na
sociedade com um voto e organização eficaz na melhoria do bem comum.
___________________________________________________________________________
4ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Qual a relação entre política e sociedade?
b) – Explique, por que os cidadãos brasileiros têm
uma ação limitada na esfera pública?
c) – Por que os políticos perdem sua credibilidade
com povo?
d) – Qual a solução para a crise moral no sistema
político?
e) – Qual a importância dos movimentos sociais para
corrigir a crise moral no sistema político?
f) – O que é politização? E como ela pode
contribuir para melhorar a política brasileira?
___________________________________________________________________________
Já existiram muitos modelos de Estados
historicamente definidos bem como muitas políticas de Estados que
caracterizavam esses Estados nos seus respectivos contextos históricos dentre
os quais podemos destacar: Estado Absolutista, Estado Liberal, Estado
Liberal-democrático, Estado Totalitário, Estado Social-democrático e o Estado
Neoliberal.
2.1. ESTADO ABSOLUTISTA
Foi a primeira forma de Estado moderno
historicamente definido, nesta forma de Estado a realeza centralizava todas as
decisões políticas e assumiam diretamente a administração econômica (política
mercantilista), a justiça e o poder militar; por isso, é também conhecido como
Absolutismo Monárquico, foi nesse momento que se iniciou uma estrutura
administrativa burocrática e a separação entre o público e o privado.
Esse Estado intervinha fortemente na vida
econômica, sendo em algumas nações o principal responsável pela construção de
uma base manufatureira, chegou a necessitar de um amplo quadro administrativo
para dar conta dessa tarefa. O controle da economia lhe impunha funções
complexas e especializadas para época, como o estabelecimento de normas rígidas
sobre os métodos de fabricação, os critérios para inspecionar a qualidade da
matéria-prima empregada na produção, a fixação dos preços, etc. foi neste
Estado que o poder político se centralizou fortemente no interior de um domínio
territorial-nacional.
2.2. ESTADO LIBERAL
É uma forma histórica de Estado, ele foi implantado
através das diversas revoluções burguesas ou revoluções liberais que ocorreram
na Europa Ocidental a partir do século XVII, a expressão “liberal” representava
uns dos principais ideais da burguesia. Por isso a burguesia criticava o
absolutismo e defendia os valores iluministas da “Liberdade” e da “Igualdade”;
mas a liberdade econômica sem intervenção do Estado, como defendia os teóricos
do liberalismo econômico da época (Adam Smith): “laissez-fare,
laissez-passer” (deixai fazer, deixai passar); e igualdade de decisão
política e jurídica nos negócios.
Este Estado era puramente burguês, pois além das
decisões econômicas em favor da burguesia, as eleições de representação política
eram censitárias.
2.3. ESTADO LIBERAL-DEMOCRÁTICO
É a consolidação definitiva da tomada do poder
politico pela burguesia, mas para isso a burguesia foi obrigada a buscar apoio
entre os operários e os camponeses, assim é que a democracia foi possível. Por
isso, a burguesia teve de adaptar seu programa revolucionário para atender aos
interesses da maioria da população. Esse foi o único caminho que encontrou para
assumir o poder se autoproclamando representante dos interesses da sociedade em
geral. E depois, com muitas reivindicações, os trabalhadores do campo e da
cidade foram ampliando seus direitos e conquistando seu espaço no Estado
Liberal-democrático como: o surgimento dos partidos políticos, a partir do
século XIX (com alguns movimentos operários como o ludismo e o cartismo), os
partidos políticos passaram a ser instrumentos de representação capazes de
abrigar a enorme pluralidade de princípios políticos, ideais e valores que
constituem a sociedade moderna dos Parlamentos ou Assembleias Legislativas os
ideais e direitos para suas classes.
O Estado Liberal-democrático é composto de três
poderes independentes, cujo objetivo é garantir o equilíbrio social dentro de
uma sociedade de conflitos individuais e sociais: Poder Legislativo –
responsável em criar leis, Poder Judiciário – responsável com que as leis sejam
cumpridas e o Poder Executivo – responsável em cumprir as leis.
2.4. ESTADO TOTALITÁRIO
Totalitarismo é diferente de autoritarismo. A pesar
de muitas características comuns a principal diferença é que nos regimes
autoritários não há uma ideologia que sirva “para a construção da nova
sociedade” e nem apoio popular, prevalece a despolitização que leva a apatia
política, a repressão governamental gera o medo desestimulando a participação
política. Neste regime os militares tornam-se protagonistas políticos do
governo e da burocracia estatal. Isso aconteceu em muitos governos ditatoriais
na América Latina como o caso do golpe militar no Brasil em 1964.
Os Estados Totalitários seja de direita (conservadores)
como o caso do nazismo e do fascismo, o de esquerda (revolucionários) como os
de orientação comunistas. Mobilizam a massa através de uma ideologia ou
doutrina que prega a construção de uma nova sociedade melhor para todos, neste
sentido o Estado justifica toda a repressão, espionagem, prisão, suspende
direitos individuais e políticos, evita-se a dissidência política, centraliza
as decisões governamentais.
2.5.
ESTADO SOCIAL-DEMOCRÁTICO (1945 a 1973 – Welfare State (Estado de bem-estar
social), Estado de providência, Estado Assistencial).
No século XIX, logo após a 2ª guerra mundial o
mundo vivia uma que precisava de soluções, neste contexto surgiu a teoria
econômica do inglês Keynes, que indicou a importância do Estado no controle da
economia e na superação das dificuldades econômicas e sociais, neste contexto
surgiu os partidos da social-democracia que mesclaram as teorias keynesianas e
os ideais marxistas, eles diziam que ser “socialista” não significava acabar
com o capitalismo, mas fazer com que o Estado democrático tenha um programa
forte de assistência social e distribuição de renda, assim criou-se o Estado
social-democrático ou de bem-estar social (Welfare State) que se caracteriza
basicamente: Intervenção do Estado na regulação da economia, Desenvolvimento
econômico a partir da distribuição de renda, Aumento de impostos para as
classes ricas, Investimento em educação, Construção de obras públicas e
moradias, Políticas assistenciais eficazes, Estatização e modernização de
empresas, Melhorias em serviços públicos, Verticalização na produção de
riquezas naturais.
2.6. ESTADO NEOLIBERAL (1973 a 1990 – Neo-liberalismo)
Ao final dos anos 70, o Estado do bem-estar
social (Welfare state), já não conseguia dá respostas às demandas sociais
sempre crescentes (e ao inevitável aumento de custos decorrentes da expansão de
serviços oferecidos) e, por outro lado, enfrentava um estrangulamento em suas
receitas, dependentes da arrecadação de impostos.
A crise do Welfare State estabeleceu então as
condições para que forças políticas que propunha redução da intervenção estatal
na economia chegassem ao poder em diversos países, com destaque para as
administrações de Regan, nos E.U.A (1980-1988) e Thatcher, no Reino Unido
(1979-1990).
A expressão neoliberal representa o neoliberalismo,
isto é, o novo liberalismo inspirado nos ideais do liberalismo econômico
clássico do século XVII, do “laissez-faire”.
Entre as
principais características do atual neoliberalismo podemos destacar: Redução do
papel regulador do Estado na economia, Cortes nos investimentos públicos,
Privatizações de empresas estatais, Terceirização de serviços públicos, Redução
ou reformulação de programas assistenciais, Desarticulação dos movimentos
sociais e sindicais.
5ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Cite os Estados e as politicas de Estados
historicamente definidos.
b) – O que é um Estado Absolutista?
c) – O que é um Estado liberal?
d) – Como a burguesia se consolidou e como a classe
trabalhadora conseguiu direitos dentro do Estado liberal-democrático?
e) – Como é composto o Estado liberal-democrático?
E qual seu objetivo?
f) – Diferencie um Estado autoritário de um Estado
totalitário.
g) – Quais são as características de um Estado
social-democrático?
h) – Explique a origem do neoliberalismo.
i) – Cite as principais características do
neoliberalismo.
3.1. TEORIAS SOBRE A ORIGEM DO ESTADO
As concepções que destacaremos aqui se referem às
várias idéias que alguns pensadores têm sobre o Estado, bem como, sua origem e
suas características:
TEORIAS CONTRATUALISTA: Essas teorias foram elaboradas entre os séculos
XVII e XVIII pelos pensadores iluministas:
Thomas Hobbes John Locke Jean-Jacques Rousseau
(1588-1679) (1632-1704) (1712-1778)
Tais teorias surgem para tentar explicar como se
fundam o Estado. Cindindo com o surgimento do Estado Moderno, o contratualismo
refere-se a toda teoria política que vêem a origem da sociedade e o fundamento
do poder político num contrato. Segundo Hobbes: “o homem é lobo do próprio
homem” e para coexistir com os outros precisa da paz e da organização dentro de
um Estado forte e absoluto.
O Estado é visto como organizador, controlador e
defensor das leis e dos direitos individuais dos cidadãos, o Estado é construído
pelos homens mediante um contrato. Para os contratualistas, os homens viviam
inicialmente em um estado de natureza, ou seja, antes da fundação do Estado
(concebido de forma diferente em cada teoria contratualistas), contrario a esse
Estado de natureza seria o Estado de civilização, ou seja, com a fundação do
Estado.
As
teorias contratualistas de Hobbes e Locke explicitam em comum a interpretação
individualista, dado o contrato ser um ato firmado entre indivíduos conscientes
e deliberados que abrem mão em parte ou em todo de seu arbítrio para que outrem
o exerça. Esse é o exercício estatal, ao prescrever condutas que devem ser
observadas e seguidas de forma heterônoma e externa pelos indivíduos sob a sua
tutela. O contrato, ou o consentimento, é a base do governo
e da fixação dos seus limites.
De fato, a sociedade civil nasce quando, para uma
melhor administração da justiça, os habitantes acordam entre si delegar esta
função a determinados funcionários.
Assim o governo é instituído por meio de um contrato social, sendo os seus poderes
limitados, envolvendo obrigações recíprocas, sendo que estas obrigações podem
ser modificadas ou revogadas pela autoridade que as conferiu.
A principal diferença entre esses teóricos é que,
enquanto para Hobbes, o pacto concede o poder absoluto e indivisível ao
soberano, para Locke o poder legislativo é poder supremo, ao qual deve se
subordinar tanto o executivo (soberano) quanto o federativo (encarregado das
relações exteriores) e, segundo Rousseau o poder supremo emana do povo através
das leis por ele proposta e sancionada, e todo governante deve segui-la, se não
substituído pelo próprio povo.
TEORIAS NÃO-CONTRATUALISTA: Segundo
essas teorias, o Estado desde o princípio das primeiras civilizações está
relacionado com as necessidades de cada sociedade, essa instituição política
surgiu em muitos contextos históricos diferentes e por muitas razões: as
necessidades da guerra, de administração das obras públicas, o aumento do
tamanho e da diversidade da população, novos problemas que exigiam uma ação
organizada da sociedade como um todo. O Estado tomava forma à maneira que
grupos e indivíduos dentro da sociedade entendiam ser de seu interesse
centralizar a autoridade, estabelecer métodos para solucionar disputas e
empregar a força para a conformidade a algumas normas sociais.
Teoria de Aristóteles (384 – 322 a.c) – Origem familiar ou patriarcal: Para Aristóteles o homem é um animal político que vive em
grupo e é naturalmente social. A própria família já é uma espécie de sociedade (sociedade
doméstica), onde já surge uma autoridade, a quem cabe estabelecer as
regras. Assim surge o Estado,
pelo fato de ser o homem um animal naturalmente social, político, ele se
organiza para o bem comum. O Estado provê, inicialmente, a satisfação daquelas
necessidades materiais, negativas e positivas, defesa e segurança, conservação
e engrandecimento, de outro modo irrealizáveis. Mas o seu fim essencial é
espiritual, isto é, deve promover a virtude e, consequentemente, a felicidade
dos súditos mediante a ciência.
Teoria natural – Origem em atos de força: Baseia-se na
imposição de regras de um grupo por meio da coerção física. É a "lei do
mais forte" típica do Estado de natureza. A
natureza humana diferencia os seres dentro de suas condições naturais
fisiológicas, assim muitas sociedades primitivas deram origem a suas
organizações estatais. Quando a organização social se basea no uso da força, da
coerção por aqueles que são mais fortes fisicamente e impõe aos mais fracos
suas ordens.
Teoria Durkheimiana – Origem no desenvolvimento interno da
sociedade: esta teoria é possivel interprta-la dentro dos estudos de
solidriedade mecânica e orgânica do sociólogo Emile Durkheim. Localiza o
aparecimento do órgão estatal como efeito da complexidade de relações sociais
estabelecidas pelo homem.
Com o
desenvolvimento da sociedade simples para uma sociedade mais complexa, surge a
necessidade de um conjunto de instituições que organize as relações sociais e
suas complexidades
___________________________________________________________________________
6ª – ATIVIDADE.
Responda em seu caderno:
a) – Cite
as duas concepções (teorias) políticas sobre a origem do Estado.
b) – Que
filósofos elaboraram a concepção contratulista sobre a origem do Estado?
c) –
Comente a teoria contratualista sobre a origem da sociedade e do Estado.
d) –
Explique a principal diferença teórica entre Hobbes, Locke e Rousseau.
e) – Explique
a concepção não-contratualista da origem do Estado.
f) – Como
se explica a origem do Estado na teoria de Aristóteles.
g) –
Expliuqe a origem do Estado segundo a teoria natural.
h) –
Explique a teoria de Durkheim sobe a origem do Estado.
___________________________________________________________________________
3.2. HISTÓRIA DO PENSAMENTO POLÍTICO
Ao longo da história muitos pensadores
desenvolveram compreensões e reflexões relacionadas à questão política, tais
pensamentos contribuíram para a organização política de muitas sociedades.
3.2.1. Pensamento político na antiguidade
Foi durante o processo de formação e organização
das primeiras aglomerações urbanas da Grécia antiga, principalmente a de
Atenas, que foi se formando uma estrutura social do tamanho de uma Cidade, mas
com a complexidade de um Estado. Assim foi se formando a pólis (cidade-estado),
ela é constituída pela acrópole, parte elevada em que se constrói o templo e
também de onde se defende a cidade, e pela ágora, praça central destinada às
trocas comerciais e na qual os cidadãos se reúnem para debater os assuntos da
cidade, assim surge a política. Neste
sentido, política, se refere à vida na pólis, ou seja, a vida em comum, às
regras de organização dessa vida, aos objetivos da comunidade e as decisões
sobre todos esses pontos. Política é cuidar das decisões sobre problemas de
interesse da coletividade (da cidade-estado ou pólis).
A teoria política grega está voltada para a busca
dos parâmetros do bom governo. Os pensadores gregos envolvem-se nas questões
políticas do seu tempo e criticam os maus governos, pensava-se em um governo
justo e uma cidade feliz. Isso significa que esses filósofos elaboram uma
teoria política de natureza descritiva, já que a reflexão parte da análise da
política de fato, mas também de natureza normativa e prescritiva, porque
pretende indicar quais são as boas formas de governo.
Neste período a relação entre ética e política é
evidente, na medida em que as questões do bom governo, do regime justo, da
cidade boa dependem da virtude do bom governante. Outra característica típica
das teorias políticas na antiguidade é a concepção cíclica da história, segundo
a qual os governos se alteram do desenvolvimento a decadência, o que representa
o curso fatal dos acontecimentos humanos. Por exemplo, quando a monarquia
degenera em tirania, dá-se a reação aristocrática que, decaindo em oligarquia,
gera a democracia e assim por diante. Entre os pensadores desse período podemos
destacar: Sócrates, Platão e Aristóteles.
PLATÃO (428 – 347 a.c)
A principal obra de Platão chama-se A República,
para ele a política é a arte de governar as pessoas com seu consentimento e o
político é aquele que conhece essa difícil arte, só poderá ser chefe quem
conhece a ciência política. Por isso a democracia é inadequada, por desconhecer
que a igualdade se dá apenas na repartição de bens, mas nunca no igual direito
ao poder. Para o Estado ser bem governado, é preciso que “os filósofos se
tornem reis, ou os reis se tornem filósofos”.
Dessa forma Platão propõe um modelo aristocrático
de poder. No entanto, não se trata de uma aristocracia da riqueza, mas da
inteligência, em que o poder é confiado aos melhores, ou seja, é uma
“sofocracia” (poder dos sábios). Assim, as pessoas vítimas do conhecimento
imperfeito, da “opinião”, devem ser dirigidas por aqueles que se distinguem
pelo saber.
___________________________________________________________________________7ª – ATIVIDADE.
Responda em seu caderno:
a) – Como surge a política na Grécia Antiga e a que
ela se refere?
b) – Para que está voltada a teoria política grega?
c) – Como era a relação ética e politica na Grécia
antiga?
d) – Explique a concepção cíclica da história na
teoria política grega.
e) – Cite os principais pensadores políticos da
Grécia antiga.
f) – Qual a principal obra de Platão e o que é
política para ele?
g) – Segundo Platão qual o modelo de poder seria o
mehor para um bom governo?
h) – O que é sofocracia?
___________________________________________________________________________
3.2.2. Pensamento político medieval
Na Idade Média o pensamento político se cruza com o
cristianismo da Igreja católica, há uma relação forte entre política (razão) e
teologia (fé), sendo que a política estava submetida aos princípios da moral
cristã, predominando assim uma concepção negativa do Estado, que é o governo
dos homens, logo sendo a natureza humana sujeita ao pecado e ao descontrole das
paixões, o que exige vigilância constante, caberia ao Estado o papel de
intimidação para todos agirem corretamente. Daí a estreita ligação entre
política e moral, que exige a formação do governante justo, não-tirânico, capaz
por sua vez de obrigar a todos à obediência aos princípios da moral cristã.
A partir dessa concepção religiosa subjacente, na
Idade Média configuram-se duas instâncias de poder; a do Estado e da Igreja. A
natureza do Estado é secular, temporal, voltado para as necessidades humanas, e
sua atuação se caracteriza pelo exercício da força física. A Igreja é de
natureza espiritual, voltada para os interesses da salvação da alma, e deve
encaminhar o rebanho para a religião por meio da educação e da persuasão.
Neste
período, os teóricos políticos elaboraram um trabalho teórico apologético
(discurso e louvor em defesa do cristianismo) e dogmático (verdade absoluta e
inquestionável), isso ocorreu através de adequação da filosofia política grega
(Platão e Aristóteles) com a verdade teológica do cristianismo medieval (Santo
Agostinho e Santo Tomas de Aquino), onde buscava justificar a teocracia (poder de Deus) sobre
todas as outras formas de poder ou governo.
8ª – ATIVIDADE. Responda em seu
caderno:
a) – Como era o pensamento político na Idade Média?
b) – Diferencie as instâncias de poder do Estado e
da Igreja durante a Idade Média.
c) – Como os teóricos políticos elaboraram suas
teorias?
d) – O que é teocracia?
___________________________________________________________________________
3.2.3. Pensamento político na idade moderna
No período moderno algumas mudanças foram
fundamentais para o desenvolvimento de novas teorias políticas: a reforma
protestante contribuiu para o rompimento das verdades inquestionáveis da Igreja
Católica o que abalou o seu poder político dentro da sociedade medieval; as
grandes navegações proporcionou o enriquecimento dos comerciantes burgueses que
não concordavam muito com as doutrinas da igreja católico sobre a questão do
enriquecimento e do lucro, bem como, tais comerciantes pretendiam aumentar seus
negócios lucrativos. O Estado Monárquico estava em plena formação. Dentro desse
contexto podemos destacar as obras de Montesquieu e Nicolau Maquiavel.
MONTESQUIEU (1689 – 1755)
A sua mais importante obra é o “Espírito das
leis”, trata das instituições e das leis, numa acepção ampla, Montesquieu
reconhece a importância das leis como um sistema universal, a natureza segue
suas leis, a força divina também tem suas leis, assim também a sociedade.
Para Montesquieu, as leis da organização social tem
a ver com Deus, estando ligados pelo vinculo da moral e da religião, bem como
pela natureza – não somos sujeitos apenas às leis do Estado. Obedecemos também
às leis divinas, às leis da natureza física.
Neste sentido Montesquieu propõe a divisão dos três
poderes independentes com objetivo de evitar o arbítrio e a violência:
Executivo –
responsável em cumprir as leis;
Legislativo –
responsável em elaborar as leis;
Judiciário –
responsável em garantir o cumprimento das leis.
Para Montesquieu somente assim o poder estará
descentralizado e equilibrado na sociedade, pois: “só o poder freia o poder”.
MAQUIAVEL (1469 – 1527)
É considerado
um dos fundadores da ciência política, sua principal obra é: O Príncipe. Para
Maquiavel, o príncipe (político) age em nome do bem comum, por isso, suas ações
não devem ser avaliadas por uma ética ou moral cristã típica da época medieval,
mas pela ação política enquanto vontade de seu povo, por isso, o príncipe
(político) deve usar de todos os meios para atingir o fim, ou seja, tudo que
necessário para atender a necessidade de sua nação (do povo, do bem comum). O
príncipe de Maquiavel não é bom nem mau apenas um político em defesa da
soberania e manutenção do seu Estado.
Apresenta três categorias elementares de maneiras
necessárias para a conquista e a manutenção do poder e que formam um conjunto
de ação política:
Virtu – é
aquele que apresenta características especiais como inteligência, talento,
coragem, etc. suas próprias armas tem capacidade de perceber o jogo de força da
política, conquistando e mantendo o poder, pode ser bom e justo ou cruel e
violento dependendo da necessidade para o bem comum.
Fortuna – é a
ocasião, acaso, o momento de ser precavido, oportuno (não oportunista), por
isso, virtu e fortuna se combinam.
Velhacaria –
atitudes necessárias para a conquista e manutenção do poder como traição,
manipulação, promessas, persuasão.
É por tudo
isso, que os leitores de Maquiavel, afirmam que em suas obras podemos
interpretar que: “os fins justificam os meios”.
9ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Como os teóricos da Idade Moderna viviam este
contexto histórico?
b) – Qual a principal obra de Montesquieu e o que ele
reconhece em sua teoria?
c) – Como Montesquieu analisa as Leis?
d) – Como Montesquieu divide os poderes na
sociedade?
e) – Segundo Montesquieu, qual o objetivo da
divisão dos poderes na sociedade?
f) – Qual a principal obra de Maquiavel e como deve
agir um político (príncipe)?
g) – Por que o Príncipe de Maquiavel não é bom nem
mau?
h) – Cite e explique os três elementos para a
conquista e manutenção do poder e que formam o conjunto da ação política
segundo Maquiavel.
___________________________________________________________________________
3.2.4. Pensamento político contemporâneo
A partir do século XVIII as transformações
socioeconômicas e político-ideológico aceleraram as sociedades modernas ou
pós-modernas se organizavam baseada em estruturas legais e racionais onde as
dicotomias entre consenso e conflito representavam a nova dinâmica deste
contexto histórico. O mundo se globalizou e se modernizou, as organizações
políticas adaptaram-se em um mundo dinamizado pelo capitalismo
técnico-industrial e suas diversas faces.
O pensamento político deste período mergulhou nas
mais imensuráveis questões brotadas do amago de sociedades que buscam perpetuar
de forma organizada e aperfeiçoando seus sistemas políticos
institucionais. Neste sentido o pensamento político encontra-se em
lacunas abismosas criadas pelos próprios seres humanos: as dificuldades e
tentações de lidar com o poder e suas instituições políticas geram
desequilíbrio e incertezas. Dos vários teóricos deste período vamos destacar
apenas: Max Weber e Michel Foucault.
MAX WEBER (1864 – 1920)
Em sua teoria política Max Weber relaciona a
política à dominação, neste sentido ele diz, a dominação é um estado de
coisas pelo qual uma vontade manifesta (mandato) do dominador ou dos
dominadores influi sobre os atos de outros (do dominado ou dos dominados), de
tal modo que, em um grau socialmente relevante, estes atos têm lugar como se os
dominados tivessem adotado por si mesmos e como máxima de sua ação o conteúdo
do mandato (obediência). Assim destaca-se três tipos de dominação legitima
justificadas por motivos (fontes) de submissão ou princípios de autoridades
distintas:
* Racional-legal – se
baseia na racionalidade das leis, é um empreendimento contínuo de funções
públicas, empreendimento este que envolve regulamentos e registros escritos,
bem como um corpo de funcionários especializados. A dominação legal apresenta
como característica a noção mais ou menos disseminada de direito. Weber
focaliza o problema de que a autoridade dos governantes, baseada na legalidade,
é limitada pela ordem impessoal do direito, e que os governados (cidadãos) só
devem obediência a essa ordem impessoal. A mais típica forma de domínio legal é
a burocracia.
* Tradicional – é
baseado na autoridade pessoal do governante, investida por força do costume, é
uma autoridade discricionária, não submetida a princípios fixos e formais.
Pertencem ao domínio tradicionais tipos de dominação gerontocrática, tais como
patrimonialismo, patriarcalismo, sultanismo.
* Carismático – é
baseado no carisma (emoção), qualidade tida como excepcional de liderança, que
se manifesta como uma espécie de magnetismo pessoal mágico e que leva a pessoa
carismática a ter certa preponderância sobre as demais. Assim o carisma pode
estar presente num demagogo ou num ditador, num herói militar ou num líder
revolucionário. É o carisma encarnado na pessoa do chefe que leva os liderados
a se entregar emocionalmente a essa liderança pessoal.
Para Weber, o Estado é uma instituição social que
mantém o monopólio do uso legitimo da força física dentro de determinado
território, para que este estado exista é preciso que sua autoridade seja
reconhecida como legitima. Neste sentido, o Estado é definido por sua
autoridade para gerar e aplicar poder coletivo. Como acontece com todas as
instituições sociais, o Estado é organizado em torno de um conjunto de funções
sociais, incluindo manter a lei, a ordem e a estabilidade, resolver vários
tipos de litígios através do sistema judiciário, cobrar impostos, censo,
identificação e registro da população, alistamento militar, encarrega-se da
defesa comum e cuidar do bem-estar da população de maneira que estão além dos
meios do indivíduo, tal como implementar medidas de saúde pública, prover
educação de massa etc.
FOUCAULT (1926 – 1984)
Michel Foucault, em sua obra “Vigiar e punir”.
Busca estudar as relações de poder fora da concepção do Estado. Para ele o
poder não seria propriedade de uma classe que o teria conquistado. Para
Foucault, o poder acontece em termos de relações de poder. Segundo ele, a
anatomia política desenvolve seus efeitos segundo três direções privilegiadas:
o poder, o corpo e o saber.
O poder estar nas relações sociais, através da
micro-física do poder manifestada na disciplina dos regulamentos, controles
cotidianos, cada vez mais minuciosos e austeros, disseminados nas diversas
relações pessoais, onde as pessoas refletem toda a estrutura de dominação,
passando a serem seus próprios algozes: o professor sobre o aluno, o diretor
sobre o professor, o vigia sobre visitante, o pai sobre o filho, irmão mais
velho sobre mais novo, policia sobre o suspeito, etc.
Estamos sempre diante de mecanismos que transforma
os corpos obedientes, uteis, exercitados para o trabalho e inertes
politicamente.
As ordens não precisam ser entendidas, apenas
decodificadas. Todos devem ser dóceis, subordinados e se entregar aos
exercícios para conseguir a gratificação de estar entre os melhores.
Esta é a
sociedade do controle – onde a lei proíbe, isola e outras instituições
domesticam, adestram funcionam como meios de dominação. São instrumentos tão
aperfeiçoados de transformação e ação sobre os indivíduos como a escola, o
exército ou o hospital. Não é mais necessário impor penas e sanções aos
vigiados para obter bom comportamento; basta o temor de ter todos seus atos
vistos e analisados. O indivíduo torna-se seu próprio "carrasco".
10ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Comente o contexto histórico contemporâneo
para o surgimento de novas teorias políticas.
b) – Comente a relação política e dominação segundo
Weber.
c) – Cite e explique os três tipos de dominação
legitima segundo Weber.
d) – Para, Weber o que é Estado e quais suas
funções?
e) – Qual a principal obra de Foucault e como ele
analisa a questão do poder?
f) – Explique como funciona a micro-física do poder
segundo Foucault?
g) – Segundo Foucault, o que é a sociedade do
controle?
___________________________________________________________________________
5.1. CIDADANIA
Cidadania não é uma definição estanque, mas um
conceito histórico-sociológico, o que significa que seu sentido varia no tempo
e no espaço de cada sociedade: a cidadania dos povos greco-romanos antigos é
bastante diferente da cidadania que nós temos hoje, é muito diferente ser
cidadão na Alemanha, no Japão, nos E.U.A. ou no Brasil; não apenas pelas regras
que definem quem é ou não titular da cidadania, mas também pelos direitos e
deveres distintos que caracterizam o cidadão em cada um dos Estados-nacionais
contemporâneos.
A cidadania é o conjunto de direitos e deveres que
nos garante o acesso de maneira igual a todos recursos materiais e imateriais
necessários para viver com dignidade e igualdade de condições junto a todos os
membros da sociedade.
A cidadania é um processo que está relacionado
aos direitos e
aos movimentos sociais que
buscam a consolidação definitiva de uma sociedade justa e igualitária.
Percebe-se na história da cidadania, que desde a
antiguidade as diferenças na organização das sociedades entre senhores e
escravos, nobres e servos, patrão e empregado, ricos e pobres, geram um
contexto de antagonismo conflituoso de classes onde se busca superar as
injustiças e as desigualdades sociais. A história demonstra que, é dentro desse
contexto que o processo de cidadania e a conquista de direitos vêm se
consolidando ao longo dos tempos através dos diversos movimentos sociais, seja
de escravos, plebeus, servos, camponeses medievais, liga de trabalhadores, etc.
Os direitos de cidadania foram conquistados através da luta dos movimentos
sociais ao longo da história.
5.2. TIPOS DE DIREITOS
5.2.1.
Direitos civis
Esses direitos se expressaram na liberdade
religiosa e de pensamento, no direito de ir e vir, no direito à propriedade e
também na liberdade contratual, bem como no direito à justiça.
5.2.2. Direitos políticos
Os direitos políticos correspondem ao direito do individuo
de decidir sobre sua vida política: eleger seus representantes políticos, ser
eleitos para cargos políticos, ter os direitos de participar de associações
diversas (partidos, sindicados, conselhos, etc.), de protestar através de
greves, pressões, movimentos diversos, enfim, o direito de participar de alguma
forma, direta ou indiretamente, da tomada de decisões no processo político.
5.2.3. Direitos sociais
Depois dos
direitos civis e os direitos políticos temos a promoção dos direitos sociais:
direito a moradia, educação básica, saúde publica, transporte coletivo, lazer,
trabalho e salário, seguro-desemprego, enfim, um mínimo de bem-estar econômico
e social. E isso se fez como investimentos maciços por parte do Estado,
redimensionado as suas prioridades, para atender à maior parte da população, a
fim de que ela pudesse ter trabalho e algum rendimento, tornando-se consumidora
e, assim, mantendo a produção sempre elevada. É o que alguns chamam de
“cidadania do consumidor”, ou seja, a cidadania entendia de mercado.
11ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Por que cidadania é conceito
histórico-sociológico?
b) – O que é cidadania?
c) – Como a cidadania vem se consolidando ao longo
da história?
d) – Cite os três principais tipos de direitos
existentes na sociedade.
e) – Explique os diferentes tipos de direitos:
civil, político e social.
___________________________________________________________________________
5.3. MOVIMENTOS SOCIAIS
Qualquer que seja a forma de opressão, explicitada
em qualquer dimensão da vida social, política, religiosa, cultural, etc., ou
qualquer que seja sua natureza se estrutural – decorrente da maneira como a
sociedade é estruturada para se reproduzir – ou conjuntural – decorrente de
fatores momentâneos ou circunstanciais -, o fato é que para superar as
condições desiguais e opressoras da sociedade, é necessária a ação conjunta de
homens e mulheres de forma a potencializar sua força – através de um movimento
– em direção à mudança social ou a conservação das relações de opressão.
O movimento social é o conjunto organizado e
unificado de grupo de pessoas que se mobilizam em pró de ideais que são
consideradas justas para todos, por isso, todo movimento social é composto de
três elementos essenciais:
* Projeto – é a proposta do movimento
que pode ser de mudança ou de conservação das relações sociais, está
relacionado com os objetivos, metas, enfim, no que o movimento pretende;
* Ideologia – é o conjunto de
idéias que fundamenta os projetos e as práticas dos movimentos, revelando sua
“visão de mundo” e definindo o sentido de suas lutas. A própria forma de
organização e direção de um movimento revela seu caráter ideológico;
* Organização – é a forma ou a
estrutura como está organizado o movimento, isto é, sua hierarquia administrativa
e condições materiais.
5.4. TIPOS DE MOVIMENTOS SOCIAIS
Movimento
operário – é o mais antigo de todos no interior do
capitalismo e nasceu e se desenvolveu com o capitalismo industrial. O movimento
operário desenvolveu-se imensamente, organizando-se por categoria em todos os
níveis, desde a unidade empresarial, local, regional, nacional e
internacionalmente. Este é um movimento que se manifesta através de sindicatos
fortes e organizados, bem como através de suas centrais sindicais, que os
trabalhadores conseguiram muitos dos direitos que existem nesta esfera da vida
hoje em dia.
Movimento
ambientalista – é um movimento social mundial, também
chamado de movimento ecológico ou movimento verde consiste em diferentes
correntes de pensamento de um movimento social, que tem na defesa do meio
ambiente sua principal preocupação, demandando medidas de proteção ambiental,
tais como medidas de anti-poluição. O ambientalismo não visa somente os
problemas ligados ao meio ambiente, mas também as atitudes a serem tomadas para
uma possível diminuição ou até mesmo solução desses problemas.
Movimento
feminista – é um movimento mundial de caráter social e
político de defesa de direitos iguais para mulheres e homens, tanto no âmbito
da legislação (plano normativo e jurídico) quanto no plano da formulação de
políticas públicas que ofereçam serviços e programas sociais de apoio a
mulheres.
Movimento
social urbano – são movimentos mais específicos e localizados,
contra situações que envolvem o Estado. O Estado, antes eficiente no atendimento
das necessidades básicas da população, mostra-se incapaz de fazer face às
crescentes demandas dos diversos grupos sociais. Os problemas urbanos se
avolumam, também, nos diversos países do mundo desenvolvidos, revelando um
decréscimo gradativo da qualidade de vida. Surgem os movimentos sociais
urbanos, reivindicando melhorias nos setores de transporte, de saúde, de
habitação, de segurança, etc., que demandam não apenas a manutenção e a
ampliação dos serviços sociais, mas a própria mudança da gestão pública.
__________________________________________________________________________12ª – ATIVIDADE.
Responda em seu caderno:
a) – O que são fatores de condição estrutural e
conjuntural de uma sociedade?
b) – O que é necessário para superar as condições desiguais
e opressoras da sociedade?
c) – O que é um movimento social?
d) – Cite e explique os três elementos essenciais
de um movimento social.
e) – O que é um movimento operário?
f) – O que é um movimento ambientalista?
g) – Por que o ambientalismo não visa somente os
problemas ligados ao meio ambiente?
h) – O que é um movimento feminista?
i) – O que é um movimento social urbano?
6.1. DESIGUALDADES SOCIAIS
Desigualdades sociais são as diferenças que os
indivíduos ou grupos têm entre si decorrentes de fatores econômicos, políticos
ou culturais. Neste sentido, não existe igualdade social devido alguns
indivíduos ou grupos possuírem posição social e privilégios em detrimento de
tantos outros que não tem as mesmas condições sociais.
6.2. AS DESIGULADADES EM NOSSO COTIDIANO
As desigualdades sociais são nitidamente
perceptíveis no nosso cotidiano. Basta sairmos ás ruas para notar, de um lado,
uma grande massa de pessoas que, embora diferentes entre si, revelam certa
semelhança e, de outro, uma minoria que se destaca claramente da grande massa.
Essas diferenças aparecem, num primeiro plano, vinculadas ás coisas materiais,
ou seja, à roupa que se usa, às joias, à escola que se estuda, a casa que se
mora, ao modo de se locomover – a pé ou de carro -, etc. Mas existem outras
desigualdades que não se expressam tão claramente: as que estão relacionadas
com a religião, com os conhecimentos, comportamento social, com o sexo ou raça.
6.3. A SOCIEDADE CAPITALISTA E AS DESIGUALDADES EM CLASSES SOCIAIS
É através das classes sociais, que se expressam, no
sentido mais preciso, a forma como as desigualdades se estruturam nas
sociedades capitalistas.
Karl
Marx foi quem procurou colocar no centro de sua análise a questão das
classes. Para ele, dependendo de cada situação histórica, podem-se encontrar
muitas classes no interior dessas sociedades. Entretanto, pelo fato de serem
capitalistas, isto é, de serem regidas por relações em que o capital e o
trabalho assalariado são dominantes, em que a propriedade é o fundamento e o
bem maior a ser preservado, pode-se afirmar que existem duas classes
fundamentais na sociedade capitalista:
Burguesia – são
os donos dos meios de produção de uma sociedade, eles representam o capital;
Proletariado – estes
são os donos da força de trabalho que gera lucro à burguesia, estes vendem seu
trabalho em troca de um salário.
Max
Weber é outro autor clássico que analisa a questão a partir dos
conceitos de classe e situações de classe. Apontando para o fato de existirem
indivíduos com interesses típicos iguais. Por situações de classe entende o
conjunto de possibilidades típicas: a) de provisão de bens; b) de posição
externa; e c) de futuro pessoal, todas ela derivadas, dentro de determinada
ordem econômica, das possibilidades de poder dispor de bens e serviços. Para
Weber, classe é todo grupo humano que se encontra em igual “situação de
classe”. Significa dizer que os indivíduos participam de uma classe social se
têm as mesmas possibilidades de acesso a bens, a posição social e a um destino
comum.
Essa análise
de Weber é que possibilitou a estratificação – classe A, B, C, D ou E, por
exemplo – a partir do consumo de bens e do acesso a serviços diferente.
13ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – O que são desigualdades sociais?
b) – Como podemos perceber as desigualdades sociais
em nosso cotidiano?
c) – Como as desigualdades se estruturam na
sociedade capitalista?
d) – Como Karl Marx explica a sociedade
capitalista?
e) – Segundo Marx, quais são as duas classes
fundamentais da sociedade capitalista?
f) – Como Max Weber explica as situações de classe?
g) – Para
Weber, o que é classe?
6.6. A IDEOLOGIA E AS DESIGUALDADES SOCIAIS
A ideologia dominante
vem cumprindo seu papel na sociedade capitalista, fazendo com que o povo não se
rebele contra o sistema de exploração e desigualdade social.
A célebre frase publicada em 1888, na revista The
Nation, exemplifica bem esse pensamento: “Os capitalistas de hoje foram os trabalhadores de ontem e os
trabalhadores de hoje serão os trabalhadores de amanhã”. Isto é uma frase
ideológica onde expressa que todos podem ser bem sucedidos, mostrando que a
sociedade não é desigual, mas que existem oportunidades para todos aqueles que
trabalham com sabedoria, podendo prosperar e enriquecer.
Na sociedade capitalista, a desigualdade existe
desde o nascimento, quando poucas muitas crianças não recebem o mesmo
atendimento de qualidade que existem em hospitais particulares.
Há um discurso ideológico que afirma: “todos são iguais perante a lei”. Mas,
lamentavelmente sabemos que, a lei não é igual perante todos.
As desigualdades não existem só no nascimento, mas
é reproduzida incessantemente, todos os dias, principalmente nas relações de
trabalho, expressando-se, inclusive, na morte, particularmente em como se morre
– as pessoas morrem de pobreza – quando morrem na porta de hospitais esperando
um leito, ou de doenças provocadas pela falta de saneamento público e falta de
alimento com qualidades nutritivas.
Em nome da igualdade formal (perante a lei) entre
os indivíduos, esconde-se a desigualdade real – social, econômica e política –
que existe e se reproduz na sociedade capitalista. E isso é uma realidade
insofismável, porque é o que vemos todos os dias na rua ou através dos meios de
comunicação.
A existência de grande parcela da população com
baixo poder aquisitivo, reduzida apenas ao desejo de consumir, é conformada por
um mecanismo da própria sociedade que impedem a tomada de consciência: as
pessoas têm a ilusão de que vivem numa sociedade de mobilidade social e que,
pelo empenho no trabalho, pelo estudo, há possibilidade de mudança, ou seja,
“um dia eu chego lá...”, e se não chegam, “é por que não tiveram sorte ou
competência”.
Por outro lado, uma série de escapismos na
literatura e nas telenovelas fazem com que as pessoas realizem suas fantasias
de forma imaginária, isto sem falar na esperança semanal da Loto, Sena, jogo do
bicho, rifas, bingos e demais loterias. Além disso, há sempre o recurso ao
ersatz, ou seja, a imitação barata da roupa, da jóia, etc.
Uma questão
final que sempre nos vem à mente: qual o segredo existente no sistema
capitalista que pode explicar o fato de que, quando mais aumenta a produção de
mercadorias em geral e de alimentos em particular, mais miseráveis e famintos
temos no mundo? Por que mais miséria no mundo de hoje, mais gente morrendo de
fome, mais gente passando necessidade que há 20,30 ou 50 anos?
14ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – Explique qual o papel da ideologia dominante
na sociedade capitalista?
b) – Como se manifesta a ideologia na sociedade
capitalista?
c) – Como podemos perceber as desigualdades
reproduzidas inclusivas na morte das pessoas?
d) – Que
mecanismo a sociedade cria para satisfazer e se conformar com as necessidades?
7.1. ACUMULAÇÃO FLEXIVEL DO PROCESSO PRODUTIVO CAPITALISTA
Desde a década de 1970, o capitalismo vem passando
por nova transformação. O capital, na sua busca incessante de valorizar-se,
procura novas formas de elevar a produtividade do trabalho e a expansão dos
lucros. Assim, desenvolveu-se uma nova fase no processo produtivo, que
poderíamos chamar de pós-fordismo ou a da acumulação flexível, caracterizada por:
Flexibilização
dos processos de trabalho, incluindo ai a automação;
Flexibilização
e mobilidade dos mercados de trabalho;
Flexibilização
dos produtos e também dos padrões de consumo.
7.1.1. Flexibilização dos processos de trabalho
Com a automação,
assistimos à eliminação do controle manual por parte do trabalhador.
Substituído por tecnologias eletrônicas, o trabalhador só intervém no processo
para fazer o controle e a supervisão. As atividades mecânicas são desenvolvidas
por máquinas se automatizada, programadas para agir sem intervenção de um
operador.
A máquina se vigia e se regula a si mesma. O número
de trabalhadores manuais diminui drasticamente e o engenheiro que entende de
programação eletrônica, de supervisão ou análise de sistemas passa a ter uma
importância estratégica nas novas instalações industriais. A robótica, é a tecnologia responsável
pela automação dos processos produtivos, entra hoje, como um componente novo
nas indústrias de bens de consumo duráveis, e está alterando profundamente as
relações de trabalho. Os robôs não fazem greve, trabalhando incansavelmente,
não exigem maiores salários e melhores condições de trabalho e de vida. Uma
empresa de automóveis que empregava na década de 1970 em torno de 400
trabalhadores, no ano de 2000, está mesma empresa precisaria apenas 50
trabalhadores diretos.
Ou seja, a robótica e as novas tecnologias de
produção propiciaram uma diminuição dos postos de trabalho para produzir a
mesma coisa e a preços menores.
Também aparecem outras novas formas de produzir:
o licenciamento de marcas que
articulam várias empresas pequenas e médias em torno de marketing e do apoio financeiro
de um grande grupo. A Benetton é um bom
exemplo disso; ela não produz diretamente quase nada tem uma marca de vestuário
que é alugada a empresas menores, em todo o mundo, adaptando-se aos mais
diferentes estilos e padrões culturais. A
Nike, a coca-cola e a Mac Donald’s, operam de modo semelhante, subordinando
inúmeras outras empresas às suas estratégias comerciais.
7.1.2. Flexibilização e mobilidade dos mercados de trabalho
Os mercados de trabalho foram flexibilizados. Os empregadores
desenvolveram a tendência de utilizar as mais diferentes formas de
trabalho: trabalho doméstico e
familiar, trabalho autônomo, trabalho temporário, por hora ou por curto prazo,
subcontratação.
Elas substituem a forma clássica do emprego
regular, sob contrato, permitindo uma alta rotatividade da mão-de-obra e,
consequentemente, baixo nível de sindicalização e forte retrocesso da ação dos
sindicatos na defesa dos direitos trabalhistas.
7.1.3. Flexibilização
dos produtos e também dos padrões de consumo.
Os produtos e
o consumo foram flexibilizados para torna os objetos de uso cada vez mais
descartáveis. A vida útil dos produtos que compramos vai diminuindo e,
paralelamente a propaganda nos estimula a trocá-los por outros novos, fazendo
com que os artigos sejam consumidos rapidamente, ou seja, deixados de lado se
durarem mais do que o previsto, trocados por novos na mesma velocidade que a
produção.
Desenvolveu-se
assim, o que se chama a obsolescência
programada.
15ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – O que é acumulação flexível?
b) – Cite as características da acumulação
flexível.
c) – Explique como ocorre a flexibilização dos
processos de trabalho através da automação e da robótica?
d) – Como ocorre a flexibilização e mobilidade
dos mercados de trabalho?
e) – Como
ocorre a flexibilização dos produtos e também dos padrões de consumo?
7.2. GLOBALIZAÇÃO E TRABALHO
As transformações existentes atualmente resultam em
uma mudança muito mais geral em toda a sociedade e mais significativamente no
que se refere ao trabalho. Ela resulta de um grande fenômeno que já estava
presente desde o surgimento do capitalismo, mas que nas últimas décadas toma
forma de modo significativo é o processo de mundialização da produção e do
consumo também conhecido como globalização.
Decorrente deste momento globalizado temos um
mercado de trabalho internacional. Aquilo que era apenas localizado, isto é,
trabalhadores portugueses na França, turcos na Suíça e assim por diante, passou
a ser uma constante ao nível mundial.
Qualquer trabalhador, até os menos qualificados,
mais principalmente os ultra qualificados participam do mercado de trabalho
mundial, em qualquer lugar do mundo. O exemplo mais típico entre nós é o caso
dos dekasséguis. Isso
significa um movimento migratório de trabalhadores no mundo todo. Mesclam-se
idade, sexo, religião, língua, tradições, reivindicações, lutas e ilusões.
Nasce assim a forma de um trabalhador mundial. Por outro lado, e ao mesmo tempo
temos também o surgimento de a presença de discriminação e preconceito muito
ativos em muitas pare do mundo. Em muitos países da Europa os trabalhadores
africanos são muito discriminados.
7.3. TRABALHADORES PÓS-MODERNO
Com a crescente utilização da tecnologia
computadorizadas e automatizadas, com a flexibilização da produção e do mercado
de trabalho, criou-se uma grande instabilidade no emprego para os
trabalhadores, que passam a não ter mais a segurança de trabalho estável.
O desemprego, crescente inclusive nos países
capitalistas mais avançados, é hoje o maior problema em todas as sociedades
industrializadas.
Em algumas das economias mais avançadas, os
trabalhadores, ainda podem contar com um seguro-desemprego estável e de valor
significativo, que uma forma de remediar essa situação.
Entretanto na maioria dos países, e principalmente naqueles
em que não existe um sistema de amparo regular ao desemprego, a solução é
terrível, deixando os desempregados em uma situação desesperadora.
A outra característica que envolve o trabalho neste
momento é que este processo exigirá um trabalhador polivalente.
Não temos mais um indivíduo que sabe fazer ou que
faz somente uma coisa. Isso permite que alguém trabalhe em qualquer coisa,
portanto a especialização não é mais a grande necessidade do mercado de
trabalho, pois se necessita de trabalhadores que possa fazer de tudo um pouco.
A exploração de trabalho torna-se também mundial,
pois os trabalhadores serão alcançados pelas grandes empresas ou poderão
circular no mundo todo.
A rápida
obsolescência dos conhecimentos técnicos devido ao constante avanço tecnológico
exige atualmente um profissional com um hábito da aprendizagem permanente para poder continuar acompanhando as
transformações do mercado.
16ª – ATIVIDADE. Responda em seu caderno:
a) – De onde resultam as transformações existentes
atualmente?
b) – O que é um mercado de trabalho internacional?
c) – Como são tratados os trabalhadores imigrantes
na Europa?
d) – Identifique as causas da instabilidade no
emprego e do desemprego do trabalhador pós moderno.
e) – O que é um trabalhador polivalente?
f) – Por que o mercado de trabalho exige a
aprendizagem permanente?
BIBLIOGRAFIA:
DALLARI, Dalmo de Abreu. O que é participação política. São
Paulo: Brasiliense,1994.
CASTRO, Celso Antônio Pinheiro de. Ciência Política: Uma Introdução. São
Paulo: Atlas, 2004.
COTRIN, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo:
Saraiva, 2006.
VALLS, Álvaro L. M. O que é política. São Paulo: Brasiliense, 2006
Muito bom os tópicos professor principalmente sobre a desigualdade existente na sociedade nos dias de hoje.Concordo que daqui uns anos só existirá a maquinofatura a manofatura deixará de existir e infelizmente muitas pessoas perderão os empregos.
ResponderExcluirÓtimo conteúdo para entender mais sobre a organização da política.
ResponderExcluirÓtimo conteúdo para entender mais sobre a organização da política.
ResponderExcluirLeila Maria
Tadakiyo
3°A
parabens por sua participação
ExcluirPostar um comentário